terça-feira, 30 de abril de 2013

Borussia Dortmund vs Real Madrid




José Mourinho, no final da partida disse, que a grande diferença esteve na intensidade que as duas equipas colocaram em campo. Efectivamente, num jogo onde ambos os conjuntos tentaram explorar o espaço entre linhas,  a capacidade de antecipação e o desarme acabaram por ter um papel importante, sendo que, a intensidade tinha de ser decisiva, e aí o Dortmund foi superior.

Dificuldades iniciais para o Real, nas saídas curtas, e mesmo em contra-ataque, com o Dortmund sempre a controlar, nomeadamente o posicionamento mais à largura de Ronaldo, neste tipo de situação. Melhorou substancialmente na 2ª parte, após a entrada de Benzema e Di Maria. Os madrilenos conseguiram fazer com que a bola circulasse dos corredores laterais para o corredor central (nesses momentos, algo negligenciado pelo Dortmund) causando problemas aos alemães.

O Dortmund muito concentrado, foi sempre bastante intenso. Quer quando perdia a bola, quer quando recuperava, a equipa reagia rapidamente, e com critério. Em transição defensiva o objectivo passava por pressionar o portador da bola, com os extremos disponíveis para fechar dentro. Jogadores ultrapassados rapidamente recuperavam. A atacar muita gente no lado da bola (os dois extremos chegaram a estar no mesmo corredor, algo que vem acontecendo amiúde com Klopp), com laterais projectados no meio-campo adversário, e várias desmarcações cujo principal objectivo era somente arrastar defesas contrários, criando espaço para o colega receber

Dizer que a eliminatória acabou na Alemanha parece manifestamente exagerado. Apesar de toda a qualidade do Dortmund, o principal motivo para um resultado tão desnivelado foi mesmo a intensidade de ambas as equipas (com todas as consequências tácticas que tal traduz, como ilustra o video). Veremos o que acontece, no Santiago Barnabéu, com o Real Madrid no máximo da sua disponibilidade 


sábado, 27 de abril de 2013

Bayern Munique vs Barcelona




Pode parecer paradoxal, mas um dos grandes méritos do Bayern, que venceu 4-0, foi exactamente aquilo que fez quando estava sem bola. Ponto fundamental, a disponibilidade que todos os jogadores demonstraram em defender. Fosse para sair à pressão, fosse para reagir a um passe mais vertical do Barcelona, o Bayern raramente concedeu espaço aos catalães

Na 1ª parte, fantástica a forma como impediu o Barcelona de jogar no seu meio-campo ofensivo, montando uma zona de pressão, no corredor central  (à entrada do seu meio-campo ofensivo) que respondeu muito bem aos recuos de Iniesta e Xavi para receberem bola, os médios do Barça tinham sempre  alguém que saia a pressionar (normalmente Schweinsteiger a Xavi, Javi Martinez a Iniesta), com Gomez e Muller sempre muito próximos da linha média, impedindo passes para as suas costas, e disponíveis para recuar, se algum colega se adiantava a pressionar.  O Barcelona também permitiu este tipo de pressão. Optou por não adiantar muito os laterais, com os extremos permanentemente abertos, concedendo assim à linha média do Bayern que se adiantasse. Situação que corrigiu na 2ª parte.

No 2º tempo, o Bayern nem sempre optou (quer por mérito catalão, quer também pelo desgaste natural) por pressionar tão alto. Ao posicionamento mais interior dos extremos, e consequente adiantamento dos laterais contrários, os alemães responderam com baixar de linhas, com Robben e Ribery preocupados essencialmente em impedir a entrada em ruptura de jogadores vindos de trás, nomeadamente Alba e Alves, e o triângulo do meio campo, Martinez Muller e Schweinsteiger, sempre pronto a bascular criando superioridade numérica nos corredores laterais, impedindo passes para dentro do bloco alemão, assim como a disponibilidade para, quando ultrapassados recuperarem imediatamente posição.

Após o 2º golo (portanto, durante quase toda a segunda parte), o Barça, em alguns momentos, expôs-se bastante. Colocou 4 jogadores em zona de finalização, o que é raro, juntando o adiantamento dos laterais, permitiu ao Bayern de Munique espaço e tempo para lançar contra-ataques. Poucos jogadores atrás da linha da bola, e distantes do local onde foi perdida, fizeram com que os alemães saíssem rápido para o ataque, e permitiu mudança de corredor com facilidade. Apesar do bom comportamento da linha defensiva catalã, encontrava-se demasiado exposta, conseguindo minorar danos.

Não deixou de ser um jogo atípico. Pelo resultado, e tendo em conta a forma como foram conseguidos os golos. Duas bolas paradas, um golo precedido de falta, outro com o Barcelona reduzido a 10 (ainda que momentaneamente). Os méritos do Bayern são muitos, o demérito do catalão terá certamente a sua quota parte, assim como a condição de Messi.



terça-feira, 23 de abril de 2013

Liverpool vs Chelsea - A Largura e o Espaço Entre Central e Lateral


Não foi de ontem, a forma como o Liverpool confere largura ao seu jogo ofensivo, mas dadas as características do adversário, foi particularmente visível em alguns momentos, a peculiaridade como a equipa de Brandon Rogers aborda o jogo pelos corredores laterais. O rígido 4x4x2 de Benítez nem sempre teve a melhor resposta para a dinâmica red.

No Liverpool, desde logo, centrais muito abertos na fase de construção e prontos para conduzir bola até zonas adiantadas.  Acto contínuo laterais bastante avançados, quase só tocam na bola no meio campo ofensivo. Os laterais do Liverpool "estão" muito mais do que "aparecem" mas os colegas estão preparados para procurá-los no momento certo.

A largura (e adiantamento) dos laterais reds, assim como a mobilidade da restante equipa, causou bastantes dificuldades ao Chelsea ao longo do jogo. Uma vez que, existia sempre um jogador red a conferir largura máxima, os espaços interiores na defesa blue foram sucedendo-se, já que, concederam relevância  à referência individual, sendo que, foram também atraídos pela condução de bola contrária, acabando por expor a linha defensiva, nomeadamente os laterais Bertrand e Azpilicueta, 


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Manchester United vs Manchester City


Em Old Trafford o Manchester City fez, talvez, um dos melhores jogos da sua época. Após alternância de estruturas, onde passou pelo 4x4x2 clássico com muita mobilidade dos avançados, e estruturas que envolviam 3 centrais, recuperou para este jogo, o 4x2x3x1 inicial da época passada.

Bastante consistente quando tinha bola, soube jogar no dentro do bloco do United, sem precipitações, conseguiu criar superioridade  numérica nos corredores laterais facilitando situações de cruzamento, e alternar o corredor de jogo, já no último terço ofensivo (nomeadamente da esquerda para a direita, com Nasri a procurar espaços interiores à esquerda, e do outro lado Milner mais aberto para cruzar). Tevez a receber entre linhas e a definir com poucos toques, os movimentos de alternância de Silva fora e dentro do bloco, as temporizações de Touré, a entregar a bola no momento certo, fizeram com que o City controlasse grande parte da partida em Old Trafford. Dois aspectos mais de "pormenor" não referenciados muitas vezes, mas importantes e que o City mostrou dominar: os timmings de inserção, quer de laterais no ataque, a receber já em zonas adiantadas assim como a inserção no espaço (e definição) no espaço entre linhas, e a capacidade (e preocupação) que os jogadores têm de fixar adversário, soltando a bola no momento certo após conseguirem atrair adversário.

A defender igualmente um jogo bastante interessante. Com coberturas bem definidas, e a preocupação clara com as zonas de finalização frontais (os centrais raramente saíram do corredor central), e o espaço entre central e lateral. Conseguiram por diversas vezes o jogo directo na 1ª fase de construção, reagindo, por norma, bem à verticalização do adversário. Em transição defensiva, uma estratégia arrojada, sempre com  bom controlo da profundidade, apesar de alguma exposição, e a tentativa de pressionar sempre o United (será possível ver no vídeo, Kompany e Nastasic bem dentro do meio campo do MU a impedir a progressão do adversário).

Sendo verdade que o City teve muito mérito, algum demérito para o United. Sectores pouco próximos a defender, espaço entre médio ala e extremo facilitaram a entrada do City no bloco adversário. Apesar da correcção efectuada a este nível na 2ª parte, o City acabou por ter o jogo controlado.




quinta-feira, 11 de abril de 2013

Reading vs Southampton - o 1º golo dos Saints

Vários aspectos a reter no golo de Jay Rodriguez, no último fim-de-semana. Desde logo, a forma como os Saints foram capazes de contornar (e aproveitar) algumas perseguições realizadas pelo adversário. Por outro lado, a definição entrelinhas. Mesmo com espaço para conduzir, opção por jogar a um/dois toques. Notar igualmente, a entrada de Jay Rodriguez no espaço entre linhas, após o recuo de Sean Davis.

Mas talvez o mais interessante, seja o comportamento do lateral Kelly, quando o Gaston Ramires procura espaço interior. O irlandês, acompanha o uruguaio, mas quando este recua até à linha média do Reading, Kelly abandona a perseguição.  




domingo, 7 de abril de 2013

Barcelona vs AC Milan - Como Entrar No Bloco Adversário

É hoje aceite, de forma praticamente unânime, a importância do chamado "espaço entre linhas", nomeadamente a distância entre a linha defensiva e a linha média. Diz-se que esta tem de ser curta, para quem defende, sendo uma das "chaves" para quem ataca  conseguir jogar frequente neste espaço, ou seja, dentro do bloco contrário.

Não obstante a importância do conceito, existe na minha opinião, uma certa obsessão com a chegada a esse espaço. Muitas equipas destinam um, ou mais jogadores, para tentar receber sistematicamente "entre linhas". O jogo acaba por se tornar um pouco previsível e consequentemente mais fácil de anular.

No último Barcelona vs Milan, foi visível como os catalães tentaram explorar esse espaço. Além da reconhecida "paciência", não forçaram a entrada no espaço entre linhas, até porque em várias situações não tinham ninguém nesse espaço. O Barça conseguiu provocar o Milan, fazendo com que no momento do passe para as costas dos médios italianos, a equipa estivesse já em dificuldades. Mais do que "estar" entre médios e defesas adversários, os espanhóis "apareceram" 

Existe também o lado estratégico, próprio deste jogo. Jordi Alba raramente procurou adiantar-se quando a equipa tinha bola. O objectivo passava por "fixar" Boateng, sendo a consequência natural Iniesta aparecer mais à largura e não entre linhas, tendo espaço para combinar com Pedro (extremo desse lado).