sexta-feira, 28 de março de 2014

Real Madrid vs Barcelona - A Circulação Catalã, Transições e Cruzamentos


Certamente haverá aspectos defensivos a rever em ambas as equipas, e possivelmente tal será visível na final da Taça do Rei, mas o jogo de domingo não deixou de ser um óptimo espectáculo onde a qualidade ofensiva de ambas as equipas foi visível.

O Barcelona mais paciente que em alguns jogos esta época reconheceu o timming correcto para explorar o espaço entre linhas, com Messi mais criterioso. Maior presença no último terço em comparação ao jogo aqui analisado frente ao City, com Iniesta e Neymar a irem dentro, com Fabregas e Xavi também a aparecerem no apoio. Do lado madrileno, Di Maria e Modric muito atraídos à bola, nomeadamente quando esta chegava atrasada aos centrais catalães permitiram ao Barcelona jogar constantemente nas suas costas e muito espaço ao meio que o posicionamento de Ronaldo e Bale à largura não ajudou a corrigir. Nota para o facto de o 2º e 4º golo catalão surgirem após aproveitamento de espaço interior no último terço, com um ponto em comum. O lateral acompanhou o extremo para o meio sem que a restante equipa ajustasse (uma solução seria o extremo baixar para junto da linha defensiva como fez Milner em Nou Camp).

Os catalães quando recuperavam a bola em alguns momentos do jogo tiveram de contornar a pressão alta do Real Madrid que não baixava o seu meio-campo. Foi conseguindo procurando apoios verticais entre linhas, nas costas dos médios adversários, situação que criou alguns problemas aos madrilenos, com dificuldades em definir o momento de sair na pressão ou baixar para juntar linhas.

Finalmente a circulação à largura do Real Madrid. Era previsível as dificuldades que o Barça teria em controlar este aspecto, até porque este é um problema que já não é de agora, nem sequer desta época, nomeadamente quando a equipa de Ancelotti chegasse ao último terço e foi isso que acabou por acontecer. Ora por um posicionamento muito discutível, ora por alguma displicência a verdade é que o Barcelona concedeu assim algumas oportunidades e sofreu dois golos desta forma. Realce para o facto de Busquets não ser um apoio forte nem à linha defensiva, nem aos laterais (que se viram frequentemente em situações desvantajosas) situações que tiveram como consequência o mau controlo do espaço entre central e lateral, bem aproveitado pelo Real.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Barcelona vs Manchester City - Linha Defensiva Exposta


Uma das imagens de marca das equipas de Pellegrini é a capacidade de defender com poucos  jogadores nomeadamente com a linha defensiva baixa. Certamente não serão muitas as equipas que tantas vezes expostas entre linhas se poderão gabar de ter apenas sofrido dois golos em Camp Nou, sendo um deles já nos descontos e com a equipa reduzia a 10 jogadores.

Sendo certo que o meio-campo do City foi ultrapassado com bastante facilidade, também é verdade que a equipa mostrou estar preparada para esse momento. A estratégia passou sempre por cortar profundidade, impedindo bolas nas suas costas e o consequente acompanhamento de catalães que procuravam desmarcações em profundidade, mesmo que isso resultasse numa linha defensiva desalinhada. Sempre que um jogador do Barcelona (quase sempre Messi) recebia bola entre linhas, e com muito espaço entre sectores da equipa inglesa, o central do lado da bola adiantava-se para diminuir espaço e procurar temporizar a condução do argentino. Com os laterais muito por dentro, Milner, ala esquerdo recuado mas aberto, permitia a Kolarov, lateral esquerdo, fechar o corredor central. A prioridade da última linha do Manchester City foi sempre o corredor central.

Na 2ª parte, o Manchester City teve mais dificuldades em controlar o jogo entre linhas do Barcelona principalmente porque este foi mais competente. Não só o Barça foi mais paciente na circulação chegando com mais gente ao último terço inglês, como Neymar passou para a direita dando largura ao ataque e estando mais próximo de Messi, o que dava ao argentino uma nova solução de passe inexistente nos primeiros 45 minutos.

Nota final para o Barça. O Filipe no Jogo Directo já chamou a atenção para a falta de soluções colectivas catalãs no último terço adversário. É assim frequentemente em futebol. Por muita qualidade que uma equipa tenha, no caso o City, num determinado aspecto do jogo, está sempre dependente da resposta dada pelo adversário. O Filipe também refere que existe uma "excessiva focalização em Messi". Sendo verdade, também me parece que o argentino optou demasiadas vezes pela condução de bola, indo no "engodo" do espaço livre, quando o mais prudente seria temporizar e esperar o apoio de colegas. Algo que seria absolutamente normal no Barcelona das épocas anteriores