sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Bayern Munique - A Inovação Está A Passar Por Aqui

Poucos treinadores no futebol europeu serão tão dados a inovações de jogo como Guardiola, nomeadamente na forma como dispõe as peças em campo, o que acaba naturalmente por ter repercussões na dinâmica que as suas equipas apresentam.

Talvez por mera circunstância estratégica de jogo (para evitar o previsível pressing no corredor central do adversário) ou por convicção de ideia para a nova época, Guardiola voltou a dispor os seus jogadores de forma original até ao minuto 73 altura em que passou a jogar com 4 defesas

À linha de 3 atrás (formada sem qualquer central de origem) juntava-se pontualmente Xabi Alonso. Concederam largura à 1ª fase de construção mas pouca profundidade encontrando-se praticamente paralelos. Mas aqui começam as novidades. Os três jogadores do meio-campo, Vidal, Muller e Thiago andam por terrenos inesperados A ideia parece ser fazer a bola chegar aos extremos (Robben e Douglas Costa) em situação favorável para entrar no duelo 1x1 com adversário, contando também com presença no meio para fazer rodar jogo entre corredores laterais. Robben e Douglas Costa estão sistematicamente abertos e profundos e são não raras vezes os jogadores mais adiantados da equipa, conseguindo fazer baixar a linha defensiva do Leverkusen condicionada pela sua acção. Mas como já referi a grande novidade, prende-se com o posicionamento de Vidal, Muller e Thiago principalmente na 1ª fase de construção. Thiago à esquerda, Muller e Vidal mais à direita são quem dá largura em zonas mais precoces estando constantemente paralelos (ou praticamente) aos extremos. O facto de se afastarem da 1ª fase de construção dos jogadores de trás faz também com que a linha média do Leverkusen recue conferindo espaço aos colegas mais recuados para jogar.

Nesta forma de jogar, Thiago e Vidal acabam por funcionar como apoios recuados aos extremos, ainda que conforme ditem as circunstâncias possam pisar terrenos mais centrais (até podem coincidir no meio, formando uma espécie de duplo pivô). Muller normalmente mais adiantado descai muito para os corredores laterais (mais para a direita) onde pode disputar a 1ª bola vinda de jogo longo e/ou garantir presença para fazer jogo prosseguir através de 2ª bola. Aqui também referência para o lado estratégico do jogo. Com o Leverkusen a tentar garantir uma pressão mais alta, o Bayern mostrou-se quase sempre mais preparado para a 2ª bola que caia nas costas da linha média adversária com Vidal a ser especialmente forte a aproximar dos da frente e a ficar com bola.

O trio atrás mais Alonso ganhou especial protagonismo na construção. Alternaram a procura pelos corredores laterais, ora directamente para extremo encarar situação de 1x1, ora para jogo longo através do apoio de Muller, com a procura de passe vertical (potenciado pela distância da linha média que "obriga" o Leverkusen a ajustar-se e a dar espaço) para o meio, mesmo nesta última situação os extremos não procuram espaço interior e a finalidade parece sempre que a bola lhes chegue em boas condições à largura. Dada a presença em largura da equipa é normal que quem receba a bola no meio de costas para baliza adversária nem sempre tenha o devido apoio frontal, tão característico das equipas de Guardiola

Nota final para Lewandowski, naturalmente com Robben e Douglas Costa tão profundos a fixar linha defensiva, o polaco ganha maior liberdade para recuar e receber com algum espaço entrelinhas. Funciona também como apoio para fazer andar entre corredores laterais, e visto que, por vezes recebeu bola sem apoios imediatamente próximos mostrou critério e capacidade para guardar bola enquanto não tinha solução de passe

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