domingo, 3 de julho de 2016

Construção Itália vs Espanha




No jogo que opôs Itália e Espanha nos oitavos-de-final do Europeu, um dos aspectos que esteve em maior evidência foi a construção italiana, que permitiu não só relativo equilíbrio na posse de bola, mas também chegadas regulares à baliza espanhola.

A Itália saiu quase sempre curto através dos 3 centrais (Barzagli à direita e Chiellini à esquerda), quanto maior fosse a pressão espanhola, mais largura davam. Procuraram essencialmente a referência à largura (por norma os externos) ou o passe vertical para um dos médios, Giaccherini à esquerda ou Parolo à direita, recuavam e juntavam-se a De Rossi para receber a bola à frente, constituindo-se também como apoios frontais.

Um aspecto bastante interessante da selecção italiana neste momento do jogo foi a largura dada por Giaccherini à esquerda, mas também, ainda que menos vezes por Parolo à direita. Estes movimentos  na 1ª fase de construção, arrastaram jogadores espanhóis, retirando-os da zona central, e quando os italianos conseguiam fazer rodar jogo para o meio (o que nem sempre aconteceu, porque também eram pressionados nesse momento) conseguiam progredir em boas condições. Quando os dois interiores se adiantavam, era De Rossi com os centrais que dirigiam jogo a partir de trás, com o médio da Roma, tendo espaço e tempo dada a ausência de pressão espanhola, a recorrer ao passe longo para progredir

A competência italiana não se ficou pelas fases mais precoces da construção. Com a Espanha a pressionar alto, e apesar de colocar muitos jogadores em zonas recuadas para responder, a Itália foi capaz de jogar com os dois avançados através de passes verticais/jogo directo. Pellé e Éder saiam da marcação, recuavam, e vinham receber no grande espaço entre linhas, derivado do adiantamento dos médios da Espanha. Nota para a constante reacção ao movimento da bola por parte dos italianos. Quando alguém recebia entre linhas tinha apoio próximo, e também na profundidade para fazer bola seguir, além dos avançados também Giaccherini e Parolo apareciam nesse espaço de trás para a frente. (e o facto de por vezes irem de dentro para fora, também arrastou adversários para avançados receberem com mais espaço).

A resposta espanhola à competência da Itália não parece ter dado grandes resultados. Tentaram pressionar alto e ainda que tivessem impedido a construção em algumas situações, foram ultrapassados com frequência. Os 3 da frente (Nolito, Silva e Morata) muito preocupados em sair na pressão aos centrais mas não conseguiram evitar que a bola entrasse nas suas costas, (muitas vezes não ajustando para se posicionarem entre a bola e a baliza permitindo passes interiores). Iniesta e Fabregas arrastados para o corredor lateral, sem que os da frente recuassem e fechassem espaços interiores, fizaram com que a Itália quando conseguia sair pressão à esquerda ou à direita tivesse espaço para progredir, quer por fora do bloco, quer solicitando das alas para o espaço entre linhas os avançados que, como já foi referido, tiveram muito espaço para receber. Foi notório ao longo do jogo o desconforto espanhol sem bola.

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