quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Os dois primeiros golos do Everton vs Chelsea




Os dois primeiros golos do Everton no passado fim-de-semana têm em comum o aproveitamento (ainda que de forma diferente) do corredor central ainda na zona do meio-campo.

O primeiro golo, Lukaku é solicitado em transição ofensiva como referência de costas para baliza adversária, com os colegas a serem rápidos a disponibilizarem-se como apoios frontais. Depois Diego Costa e Fabregas (homens mais adiantados do Chelsea no meio) tentam pressionar o central portador da bola no corredor central . À esquerda Pedro Rodriguez está muito adiantado fixado no lateral do Everton e a juntar ao duplo pivô (Mikel e Matic) que se encontra baixo Barry consegue jogar nesse espaço nas costas dos da frente e a partir daí definir o lance. Linha defensiva baixa do Chelsea baixa (tendo em conta pressão dos colegas) com o lateral esquerdo Azpilicueta adiantado fixado no extremo Lennon. Criado o espaço entre central e lateral onde aparece Lukaku para receber o passe vertical de Barry (também possível porque Matic e Mikel estão distantes entre si). Definição no último terço do Everton com Mirallas a dar profundidade e Barkley em apoio com Bale a aparecer à esquerda a dar largura.(facilidade do Everton em jogar no meio, fruto da lentidão de Mikel e Matic ao recuarem após passe vertical).

O segundo golo alguns aspectos diferentes, mas a incapacidade do Chelsea em controlar espaço no corredor central manteve-se. Novamente pressão alta, com duplo pivô mais próximo dos 4 da frente mas linha defensiva permaneceu recuada, também consequência do posicionamento de Mirallas e Lukaku. É no meio que aparece Barkley a recuar para ter bola e com espaço para progredir sempre auxiliado pelo movimento dos colegas que ao avançarem impelem a defesa do Chelsea a recuar. É Lennon quem num primeiro momento dá linha de passe em apoio e novamente Bale aparece à largura. Nota para Mikel e Fabregas que não asseguraram a devida cobertura à linha defensiva no cruzamento que origina o golo e a finalização 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Liverpool - Passe vertical vs Manchester United




Era já uma característica visível no Dortmund de Klopp, que tenta transportar para Liverpool, o passe vertical, nomeadamente dos centrais para o espaço entre linhas.

Este tipo de construção por norma dá protagonismo aos centrais (a qualidade da construção de Hummels e a sua capacidade de descobrir os colegas mais adiantados ficou famosa) e foi isso que acabou por acontecer no jogo de domingo frente ao Manchester United, nomeadamente com o defesa francês Sakho a assumir o risco do passe vertical entre linhas.

Na minha opinião apesar da intenção clara, o Liverpool raramente se mostrou preparado para dar seguimento aos passes verticais entre linhas, sendo também possível questionar em alguns lances se a melhor decisão seria verticalizar o jogo naquele momento.

Além de quem recebia o passe entre linhas estar constantemente de costas para a baliza adversária, faltaram apoios próximos e/ou frontais que  permitissem aos reds continuar com bola, sendo nestes momentos o portador da bola, não raras vezes, fortemente pressionado acabando os lances por se perder.

Particular destaque para o papel do trio de meio-campo Lucas-Can-Henderson. Lucas na zona do pivô, acabava por recuar para a linha dos centrais (formação a 3) ou permanecia na posição 6 raramente ajustando para ser apoio frontal a quem recebia a bola de costas. Can e Henderson tinham tendência para dar muita profundidade em momentos precoces da construção. Isto tinha como consequência o arrastar das linhas do Manchester United que permitia aos jogadores da frente (nomeadamente o avançado Firmino) vir receber o passe dos centrais, ainda que depois, ficassem sem apoios próximos para jogar. Com Can mais à largura e Henderson no espaço interior, esta procura constante da profundidade dava-se não só numa fase inicial, mas também quando colega recebia bola no meio-campo adversário. Igualmente nota para os interiores que quando a bola se encontrava do seu lado também podiam dar largura ocupando o espaço entre central e lateral da sua equipa em zonas recuadas da construção (mais Can).

Neste quadro, coube maioritariamente aos 3 da frente receber o passe vertical com destaque para Firmino e Lallana. Dado o adiantamento dos interiores o brasileiro recuou bastante no corredor central, com Lallana e Milner (extremos) por dentro mas a procurarem movimentos para a frente não conferindo apoio. Muitas vezes, alternadamente, Lallana e Milner baixavam bastante (para fora do bloco) em espaço interior para terem bola no espaço entre o seu central e lateral. Recebiam a bola de costas e limitavam-se a devolver aos jogadores de trás. Nota para Lallana, que quando foi recebeu o passe vertical entre linhas, também devido ao movimento dos colegas, que o Liverpool conseguiu dar seguimento ao jogo. O facto de recuar e estar no meio fez com que Lucas conseguisse ser apoio frontal nestas situações.

Tendo em conta o passado de Klopp é de esperar que esta dinâmica se mantenha, no entanto, a ideia de ter jogadores a irem da frente para trás somente para tocar bola de costas e devolver à linha defensiva dando depois profundidade, juntamente com passe vertical para colegas que se encontram sozinhos parece ainda requerer algumas melhorias e maior variabilidade de movimentos

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sporting vs Porto - Proteger/Aproveitar corredor central em transição




No jogo do passado sábado, foram evidentes as dificuldades do Porto em controlar o corredor central no momento de transição defensiva, nomeadamente o espaço à frente da grande área do Sporting quando chegavam ao último terço ou próximo, surgindo a partir daqui boa parte das oportunidades de golo dos leões (que obviamente teve todo na forma como saiu para o ataque).

Estruturalmente o Porto apresentou um 4x2x3x1 sendo Rúben Neves e Danilo o duplo pivô, posteriormente com as alterações na segunda parte foi Herrera, ainda que mais adiantado, quem jogou próximo de Danilo. Com dois jogadores permanentemente atrás da linha da bola a ocupar esse espaço não seriam expectáveis muitas dificuldades a controlar o corredor central no momento da perda da bola. 

Ainda que no meio, os dois jogadores portistas que deviam controlar esse espaço encontravam-se, na minha opinião, demasiado recuados fazendo com que os jogadores do Sporting tivessem espaço para definir o rumo da bola, e não se ajustavam em função um do outro, especialmente Danilo que preferiu quase sempre proteger posição próximo da linha defensiva do que sair à pressão. A isto junta-se a falta de intensidade de André André (que na segunda parte foi o médio mais adiantado) no momento da perda da bola que não recuou rapidamente para pressionar/ocupar espaço à entrada da área do Sporting permitindo ao adversário sair por esse espaço (ou em alternativa pressionou o portador da bola, quando talvez o comportamento mais ajustado fosse fechar corredor central).

Depois, obviamente, o mérito do Sporting. Desde logo, a forma como os extremos (João Mário e Gelson/Matheus) se projectavam rapidamente quando a equipa ganhava bola aproveitando o adiantamento simultâneo dos laterais portistas acabando vários lances com bolas para as costas destes a solicitar os alas sportinguistas juntamente com as combinações entre Adrien e William (mais recuados) e Byan Ruiz ligeiramente mais adiantado com bom timming de passe a perceberem o momento em que alguém teria de se adiantar para ocupar o espaço livre à frente da linha da bola oferecendo solução a quem tinha a bola. E finalmente os movimentos à profundidade de Slimani que juntamente com os extremos arrastaram ainda mais a já de si conservadora linha defensiva do Porto potenciando espaço no corredor central não só no momento de transição mas também já quando o jogo se desenrolava no meio-campo adversário