terça-feira, 8 de agosto de 2017

Lille - organização ofensiva vs Nantes




A chegada de Marcelo Bielsa ao Lille, como seria de esperar, trouxe novidades na forma de jogar. Desde logo, a estrutura muito próxima de um 5x2x3 somente com dois médios, Thiago Mendes como pivô e Benzia a 10 permanentemente entre linhas. A saída de bola curta começou nos 3 centrais, algo surpreendente o posicionamento dos dois alas que não conferiam muita profundidade numa fase inicial da construção até porque a posição inicial dos 2 extremos era por fora. Na imagem é possível ver a disposição referida, já com os laterais um pouco mais projectados devido ao facto de a jogada já contar com variações de corredor que fizeram a linha média do Nantes baixar e a equipa do Lille adiantar-se.




O Lille dominou na primeira parte devido a vários factores, sendo talvez o principal, a paciência que  demonstrou na fase mais precoce da construção. Os centrais assumiram um papel de destaque nesta fase (principalmente Alonso que teve um óptimo critério sobre a esquerda). Colectivamente foram capazes de levar a bola à frente por um dos corredores laterais e voltar para trás. Quando a bola entrava à direita ou à esquerda além do ala e extremo (que nesse momento vinha quase sempre dentro), Benzia ou De Preville davam também aí apoio. Apesar de raramente o Lille progredir aqui, faziam com que a bola fosse por trás e aí  com Benzia a arrastar entre linhas e os alas mais adiantados era dado espaço aos centrais para conduzirem. É o que acontece na imagem acima, ou em alternativa Thiago Mendes (jogo mesmo muito interessante) tinha condições para receber a bola e procurar muitas vezes extremo do lado contrário.

O posicionamento  inicial dos extremos por fora, não se mantinha sempre. Com a bola no ala, ou existindo espaço interior após variação da esquerda/direita para meio, os extremos procuravam espaço dentro, seja já próximos do corredor central, seja só ligeiramente para não ficarem na mesma linha que os alas. Apesar da estrutura à partida não o predizer estes movimentos foram dando presença ao Lille em zonas interiores. Quando se encontravam ligeiramente por dentro e com os alas à largura, fizeram vários movimentos em profundidade entre central e lateral a pedir bola nas costas da defesa (replicado pelos alas quando eram os extremos a dar largura como no lance que origina o penalty do 2-0).

Apesar de começarem próximos dos centrais a dar largura, os alas chegavam com bastante frequência ao último terço. Seja pelas costas do extremo após variação de flanco surgindo no apoio ou a aparecem quando a equipa atraia no meio e libertava o corredor para cruzamento. Na imagem Benzia conduz com espaço, Araújo vem para dentro e leva lateral ficando Touré com espaço para o 1x1.


Não admira portanto que o Lille tenha chegado essencialmente ao último terço através dos corredores laterais, sendo a ideia procurar boas situações de cruzamento ou condução para dentro se existisse espaço, daí a procura constante pelo passe longo para deixar o extremo/ala em situação de 1x1 com o adversário. Se bem que no caso de ser o extremo a receber rapidamente o ala procurava dar auxílio.

Existiram dois aspectos muito importantes para a circulação do Lille ter a fluidez pretendida. A capacidade dos jogadores em distinguir o momento de conduzir a bola e quando realizar o passe e também a forma como estando de costas para a baliza adversária procurava o apoio frontal, este pormenor também foi importante para variar corredor com maior frequência.

Na segunda parte o Nantes mudou a postura e o Lille apesar dos dois golos bem construídos teve mais dificuldades na construção. Os avançados do Nantes passaram a impedir a linha de passe entre centrais, forçando estes a conduzir ou a jogar para trás, e a linha média apresentou-se mais adiantada e não seguiu tanto os adversários entre linhas, mais compactos também pressionaram quando necessário entre central e ala. Com os jogadores do Nantes mais próximos a condução de bola dos jogadores do Lille não se revelou tão profícua porque passaram a enfrentar situações de inferioridade numérica em oposição aos constantes 1x1 em situações semelhantes da primeira parte.

Em transição o Lille também revelou qualidade também devido à distinção do momento entre passar e conduzir a bola por parte do portador. Procura de espaço interior do lado contrário onde foi ganha a bola, tornando a equipa perigosa com o extremo a aparecer também para desequilibrar.

A oposição do Nantes não terá sido a mais forte que o Lille irá enfrentar este ano mas o domínio foi grande, e pelo menos fica a indicação que será uma equipa muito interessante de seguir este ano.



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